terça-feira, 24 de julho de 2012

Das verdades que desmentimos, das mentiras em que acreditamos.

Amei, compartilho com vocês:



“É muito solteiro apaixonado e muito casal fingindo que se ama.” Essa é mais uma daquelas frases engraçadinhas do Facebook que, brincando, diz umas boas verdades pra quem quiser entender.
E é engraçado... como disfarçamos isso tudo muito bem: o universo dos solteiros está aí pra alardear o consumo, a efervescência da vida noturna, o glamour das viagens, as plumas e paetês de um mundo pontilhado de micro saias, descolorante capilar e pó bronzant, camisas justas, calças de marca e carros do ano.


O que ninguém mais quer ver: mulher bonita se vendendo por camarote na balada pra mostrar pro ex que, afinal, ela está muito melhor sozinha. Homem pagando uma de machão pros amigos quando, na verdade, queria estar bem longe da “mulher grude” que empurraram pra ele.
Em contrapartida, o mundo dos comprometidos traz a linda promessa do amor dedicado vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Dos aniversários de namoro regados a muito vinho importado, presentes caros e demonstrações públicas de afeto.


O que ninguém quer ver: cobranças infundadas, ciúmes acompanhados de grandes doses de insegurança e falta de confiança, ouro e brilhantes muito verdadeiros e “eu te amo´s” muito falsos. Ilusão demais, respeito de menos. Nada é cem por cento bom ou cem por cento ruim e todas as experiências são necessárias, afinal de contas, todo mundo quer ter história pra contar.
Digo isso porque muitas dessas coisas eu vi, e tantas outras eu vivi. Mas agora, cá entre nós, tiremos o dinheiro, as aparências e os expectadores disso tudo pra ver o que sobra.

Cadê o espaço para os verdadeiros amigos, para as coisas simples da vida? Pro chopp baratinho do fim de semana, pra festa mixuruca cheia de gente que você gosta, pro beijo sincero de quem te quer bem, pra vontade de viver as coisas em vez de viver colocando nome nelas? “Só porque você acredita firmemente numa coisa não significa que ela seja verdadeira. Disponha-se a reexaminar aquilo em que acredita.” O que essa frase tem a ver com isso tudo?

 Simples: todos temos idéias pré-concebidas sobre tudo. Algumas advindas de nossas experiências – por vezes desastrosas- e tantas outras criadas por um mercado que ganha, e muito, com a nossa ignorância.

O fato é que distorcemos tudo: confundimos parceiros com amigos, performance sexual com satisfação, namorados com caixas 24 horas, solidão com liberdade, namoro com prisão. Alguns continuam namorando com aquela pessoa insuportável por comodismo, tantos outros sozinhos continuam a olhar de longe aquela pessoa especial por insegurança.
Senhor, dai coragem – e vergonha na cara – dessa gente (ah, eu, por vezes, também) que ainda ouve o que os outros dizem, que ainda teme sofrer de novo. E como já disse, minha ídola, Martha Medeiros:

“Fazer do seu jeito – amores, moda, horários, viagens, trabalho, ócio – é uma maneira de ficar em paz consigo mesmo e, de lambuja, firmar sua personalidade, destacar-se da paisagem. Claro que não se deve lutar insanamente contra as convenções… Estão aí para facilitar nossa vida. Mas se não facilitam, outro jeito há de ter. Um jeito próprio de ser alguém, em vez de simplesmente reproduzir os diversos jeitos coletivos de ser mais um.”

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